sexta-feira, junho 30, 2006

Amor Incondicional (parte I)

" Hoje deixo-vos a primeira parte de um texto feito a duas mãos, espero que gostem dele tanto quanto eu gostei"


Não… O grito surdo ecoava apenas na sua mente… Não, voltou a abrir a boca para gritar, mas apenas a sua mente ouvia o desespero que sentia roer-lhe o ser…
Correu atrás do velho autocarro da Rodoviária Nacional até as forças lhe faltarem e cair de joelhos com a dor a martirizar-lhe a alma, com o corpo preenchido por uma dor que até aí lhe fora desconhecida. Não, voltou a tentar gritar, mas apenas a boca se abria, as grossas lágrimas que lhe caíam do rosto traziam um pouco de calor aquele rosto gelado pela chuva intensa que caia…
Conhecera-a desde sempre, cresceram juntos partilhando as ondas da Nazaré, dividindo as noites em que juntos com as mulheres mais velhas rezavam e esperavam que o mar lhes trouxesse de volta os homens que tinham ido para a faina. Dias duros, aqueles, em que para por um pouco de pão na mesa os homens davam em troca às vezes a própria vida, lutando contra um mar duro que tantas vezes recompensava com a morte quem tanto o amava…
Lembrava-se dos dias em que o mar parecia fugir para longe deixando livres os areais situados no sopé do velho forte, levando os miúdos da sua idade em romaria até aquele local para brincadeiras que pareciam não ter fim. Lembrava-se de ver chegar a noite deitado na areia da praia, lado a lado com ela, sentindo-se o miúdo mais feliz do mundo, tendo por companhia uma ilusão e as estrelas no céu que pareciam abençoar aqueles momentos.
O sol ia dormir em pores-do-sol de uma beleza impressionante, a lua acordava e dava ao mar aquela cor prateada que os pintores lutam por conseguir e que enche a tela de luz… Sensações que ele não sabia descrever, mas que a presença dela tornava realidade na sua mente e que valiam uma vida…
João nunca tivera ninguém a seu lado pois aprendera amá-la só a ela, não precisava de ter mais ninguém pois ela significava toda a sua existência. Na escola primária partilharam a mesma cadeira, dividiam o lanche, estavam sempre juntos em correrias e brincadeiras, os outros miúdos diziam que eram namorados e eles coravam até à raiz dos cabelos negando uma evidência para toda a gente, menos para eles na sua cândida inocência…
Cresceram e João tomou o caminho do mar, como fizera seu avô, como fazia seu pai. Nunca chegou a dizer-lhe que a amava mais do que tudo na vida, nunca chegou e pedir-lhe que partilhasse a vida com ele. O sol e o sal tisnaram-lhe a pele e deram-lhe músculos e a resistência de um homem ainda a viver no corpo de um menino, a vida deu-lhe outros desafios, mas nunca teve coragem para lhe confessar que a amava e que a queria sua. Nos bailes de sábado à noite via-a a dançar com todos que lhe pediam e ele, com a alma dorida pela sua falta de coragem, ficava num canto a beber cerveja atrás de cerveja, esperando que o álcool lhe desse a força que precisava para se acercar dela e arrebatá-la dos braços dos outros homens, mas isso nunca acontecia e regressava a casa com os sentimentos entorpecidos e sentindo-se o homem mais só do mundo.
Apenas a mãe sabia, as mães sabem sempre o que vai no coração dos filhos. Ela própria já dissera a João que falaria com a sua amada, mas ele proibira-a terminantemente de o fazer. Amava-a no seu desespero, na sua solidão, da forma que sabia e tentava, assim, ser o mais feliz possível, sentindo-se sempre incompleto… Isabel teve namorado atrás de namorado, parecendo procurar sempre algo mais que ninguém parecia saber dar-lhe, contribuindo para o desespero dele que continuava a achar que só existia ela no mundo e que um dia o destino acabaria por os juntar…
A pele morena dela e os seus longos cabelos negros encantavam os seus sonhos, faziam-no sonhar com o dia em que os seus corpos se juntassem na areia de uma praia qualquer onde a lua e o mar viessem abençoar tanto amor, durante tanto tempo cultivado em silêncio… Para João ela não passava de um dos seus muitos sonhos de homem simples que apenas queria acarinhá-la, abraçá-la, amá-la com todo o seu ser, dar-lhe a sua vida…
Quase pensou consegui-lo no dia em que mãe de Isabel faleceu depois de muitos dias de luta inglória contra uma maldita doença que a comeu até aos ossos. Nesse dia João sentiu-se, apesar da tristeza do momento, o homem mais feliz do mundo pois voltou a ser o eterno companheiro dela, durante todo o dia abraçou-a, partilhou as lágrimas dela, acarinhou-a, como se voltassem os dois a ser meninos em eternas brincadeiras praia fora. João foi a âncora dela durante muitos desses dias maus, foi a amarra que lhe deu forças a ela para enfrentar o mar revoltoso dos seus sentimentos e da dor que lhe cruzavam alma, foi aquilo que ele sempre quis, estar ao lado dela quando a vida lhes pusesse dificuldades no caminho. João sonhou então que, desta vez, ela seria sua, que nunca mais o deixaria sozinho na noite com as suas lágrimas por companhia e a sua solidão por destino…
João sonhou mas, uma vez mais, voltou a perder pois ela rejeitava a aproximação de toda a gente. Menos dele pois, para ela, ele significava um porto seguro para onde poderia sempre ir quando estava triste. Mais nada, apenas o seu melhor amigo…
João foi levando os seus dias, amparando a sua solidão com o muito trabalho que o mar lhe dava, um homem do mar é sempre um solitário apesar de ter o céu e as ondas por companhia. Via-a de vez em quando, o rosto amado emoldurado pelo negro dos cabelos, o corpo esguio de menina tomou formas de mulher, sempre um sorriso eterno para ele, o seu melhor amigo, ela a mulher por quem ele nutria um amor incondicional…
O mar, seu companheiro, seu amigo, seu confidente, pregou-lhe então a última partida. Os barcos saíram para o mar em dia de borrasca, era necessário continuar a trabalhar pois o mau tempo já levava muitos dias e não podiam mais ficar a aguardar dias melhores… Saíram, mas o mar alteroso reclamou a vida de alguns, o barco do pai de Isabel, anteriormente chamada de Pôr-do-Sol, depois da morte da mãe rebaptizado de Pouca Sorte fez jus ao seu nome, foi um dos que não voltaram apesar das rezas das mulheres vestidas de negro que choravam de joelhos na praia. João voltou e passou o resto da noite na praia, de mão dada com Isabel, à espera de quem nunca mais voltaria para acarinhar o rosto triste daquela menina que se fez mulher depressa de mais e à custa de muito sofrimento…
Nada mais prendia Isabel aquele mar que tão feliz a fizera, mas que tanta dor lhe trouxera. Para as mulheres, naquele tempo, não havia muito que fazer numa terra de homens do mar como era a Nazaré, ainda longe dos dias cheios que o turismo trouxe, a saída era ir para Lisboa, tinha por lá família que se prontificou a recebê-la e a arranjar-lhe trabalho, de forma que ela pudesse seguir com a sua vida…
Não, tentou João gritar enquanto o velho autocarro desaparecia na curva da estrada… Não…


Autor : Homem-de-Negro

quarta-feira, junho 28, 2006

Afectos

Surgiste inesperadamente
Em minha vida,
Vindo não sei de onde,
De que lugar,
Falaste num tom meigo
E docemente,
No teu mundo,
Pediste para eu entrar!
Nada eu te pedira,
Num momento,
Nada te omitia,
E sem esperar,
Vi surgirem
Rasgos de sorrisos
Que poucos ousariam,
Conquistar.
Depois fomos crescendo
Nos afectos,
Aumentando ainda mais
Essa partilha,
Em que o sorriso valia
Mil palavras,
Em que o teu sorriso
Era a minha vida.
Momentos houve
Em que te não via
Em que tu e tudo
Me parecia ausente.
Bastava imaginar
O teu sorriso,
Para te ter aqui...
Sempre presente!!

sexta-feira, junho 23, 2006

Quando se foge á rotina!!!

Todos nós, cada vez mais nos prendemos ás rotinas. É um facto assumido, somos em verdade seres de rotina. Fazemos tudo mais ou menos nos mesmo moldes, aproximadamente nas mesmas horas, com o mesmo sentido, enfim...
O que eu nunca imaginei, é que os outros se prendessem tanto ás nossas rotinas!!!!
Quando temos a veleidade de nos afastarmos mesmo que momentaneamente das nossas rotinas, há sempre alguém a extrapolar os nossos motivos.
Quem me conhece, sabe que eu sou uma frequentadora assídua de um determinado chat. Divirto-me lá á brava, faço a festa, deito os foguetes vou apanhar as canas...enfim, pareço um verdadeiro arraial de Sto António, ou de S. Pedro, ou de S. João (que a ultima coisa que eu quero é ficar de mal com os Santos!).
Nas ultimas 4 semanas motivos profissionais impediram-me de ter a minha rotina de Festas. Eu sou muito apologista da frase que diz “trabalho é trabalho....cognaque é cognaque”, decidi que para as Festas haveria tempo....e que o trabalho estaria inevitavelmente em primeiro lugar.
Depois de alguma interrupção, deparei com os comentários relativos á minha ausência que me deixaram abismada.
Sem ver de quê nem para quê, assim sem saber ler nem escrever....eu já estava a tratar do divórcio e até já tinha um caso com alguém do chat, e a minha vida estava pelas ruas da amargura!
Eu até sei que existe imensa gente a fazer figas para que o Céu me caia em cima da cabeça... eu sei que a minha disposição pode incomodar muita gente... eu sei que muito se fala do que não se sabe...eu sei da dificuldade que muita gente tem em ficar calada...eu sei que quem não sabe inventa...eu sei que há gente que se sente brilhar quando fala da vida dos outros...bolas...afinal até sei muitas coisas (até estou abismada comigo!!!).

Para quem me conhece e leu muitas das baboseiras que se escreveram, só venho esclarecer que estou bem.....nada de divórcios, nada de romances, nada de emoções fortes demais, nada de stresses nem depressões.... O meu único problema foi ter que refazer em 4 semanas uma base de dados de 2 anos.
Para quem fala só porque não tem mais nada que fazer, apenas posso desejar que morda a língua com força suficiente para que nunca mais se esqueça, de que não se deve falar daquilo que desconhece. A mentira tem pernas curtas e mais facilmente se apanha um mentiroso que um coxo!!! Agora sim....sinto-me muito mais aliviada! Ufaaaaaaa!!!!

quinta-feira, junho 22, 2006

Por favor não me perguntem


Por favor não me perguntem,
O que é que eu quero ser,
Quando for grande e crescer!
Posso ser Advogado,
Médico ou Veterinário,
Posso ser um Vendedor,
Padeiro ou Agricultor,
Eu sei é que posso ser,
Tudo aquilo que eu quiser!
Também sei que vou estudar,
Ler e por mim pensar,
Para poder decidir,
Tudo aquilo que vou ser,
Quando for grande e crescer.
Mas agora eu sou menino,
E só sei que quero brincar,
Com o meu irmão João,
Longas horas sem parar!
@utor: Diogo, 7 anos
(um dos meus amores)

terça-feira, junho 20, 2006

Para Ti


Vou dizer-te agora,
Os brilhos com que te pinto
Vou falar-te das estrelas
Onde te encontro!
Vou falar-te do bramir manso
Que calam palavras que não dizes.
Vou falar-te do meu coração
Que vibra a cada sentir da Alma.
Vou fechar os olhos,
Para sentir o sabor dos teus beijos.
Vou alentar-te no peito
Com as canções onde te invento.
Vou gostar apenas de saber
Que nada haverá no mundo,
Que me faça sentir o meu Mar,
No enorme desejo sentido,
De apenas Te achar!!

sexta-feira, junho 16, 2006

Dias Dificeis

Ele há dias muito difíceis!
Há dias em que nem por um milagre se arrancam sorrisos e em que tudo se veste em tons de Cinza!
Há dias em que tudo parece correr mesmo mal, e quando se julga que pior não pode ser, lá vem mais um acontecimento retirar-nos esta convicção e deitar por terra a crença que já tínhamos rasado o chão, para nos relegar ás caves do sentir!
Depois, o resultado é um mau feitio intragável, que fica à vista de todos. Ainda por cima, nestes dias, toda a gente repara que estamos mal humorados e quer saber porque carga de água nos sentimos assim. O facto de explicar-mos ou não, ainda nos irrita mais, ainda nos lembra mais que estamos fora de nós e com falta de paciência!
Não adianta murmurar coisas sem nexo, pensar em mil desabafos.... dizer o que nos vem á cabeça, apenas porque nada altera o nosso estado de espírito.
Lá começo então a culpar o mau tempo, mais a Lua, mais as estrelas...mais a carrada de gente que me tira do sério, na esperança de conseguir encontrar um escape para este estado de espirito tão avesso aos meus sentires.

A verdade, é que me sinto cansada! Muito cansada! Sinto-me uma panela de pressão, prestes a fazer rodar a carrapeta, na esperança que tudo se dissipe lentamente...na esperança que o dia que nasce me faça sentir mais calma, mais tranquila, mais serena!

Enquanto o dia não nasce, fico embalada no silêncio que me acalma. Vou tentar que a Noite me chegue nos brilhos das Estrelas que me iluminam e que sempre me indicaram os meus caminhos. Vou tentar ouvir o meu Mar com o sentir de quem quer escutar. Quem sabe, o amanhã não me trará um dia melhor!

quarta-feira, junho 14, 2006

As tuas Histórias, Margarida!

Hoje vou falar-vos da Margarida. Há cerca de um ano atrás, em Junho, encontrei a Margarida, neste mundo virtual, feito de palavras, feito de encantos. Encontrei-a pelas mãos da sua mãe, que decidiu dedicar-lhe todas as histórias do Mundo, e outras que ainda não existissem. Nessa data, a Margarida já não se encontrava entre nós, tinha partido há um ano, e a mãe Lochnessbeuty, achou que esta seria uma forma de imortalizar a sua Margarida criando um espacinho terno e cheio de carinho onde lhe contaria histórias. Foi um dos espaços mais belos que frequentei, porque o Amor era evidente em cada conto, em cada comentário, em cada traço.

Hoje, por ser Junho, e porque a Margarida, sem que eu desse conta se instalou nas minhas memórias, relembro-a aqui, e deixo-lhe um poema, feito para ela, na altura em que ainda lhe contávamos contos. Jamais deixei de pensar nela e na sua mãe, que por ser tão bela, me marcou os meus sentires para sempre!

Para a Margarida

Gosto de ti Margarida,
Não me perguntes porquê,
Nunca julguei ser possível,
Gostar de quem não se vê!

Mas não tento encontrar,
Neste afecto explicação,
Pois são desígnios da Alma,
Sentidos no Coração.

E o meu coração me diz,
Que algures no céu sem fim,
Existe uma estrela linda,
Que brilha apenas para ti!

Nós por cá vamos contando
Histórias para tu ouvires,
Contadas pela tua Mãe,
E quem sabe, até sorrires!!

E a tua Mãe, é tão linda,
Das mais lindas que conheço!
Pois de te Amar desta forma,
Tem o meu afecto e apreço.

E sinto-me bem aqui,
Pois perto de tanto Amor,
É fácil esquecer as mágoas
Que nos podem causar dor!

E por isso virei sempre,
(Sem história de momento),
Dizer de forma sentida,
Que estás no meu pensamento!

terça-feira, junho 13, 2006

É uma honra!!!!

Olá, meus queridos amigos!
Queria desde já começar por agradecer à minha irmã Igara o convite para participar neste espaço repleto de magia. Magia que vem da Alma, do Coração. Devo dizer que é uma honra voltar a estas lides bloguistas, ainda mais por ser ao lado de alguém muito, mas muito especial.
Aos amigos que já conheço do blog antigo um grande bem-hajam.
Aos que vou conhecer espero que disfrutem dos nossos sonhos, sentimentos, sentidos!
Um beijo enorme salgadinho como a àgua do mar!

quarta-feira, junho 07, 2006

Adeus!


Adeus!
Parte agora,
Não fiques parado em mim,
Leva mansos,
Sussurrados,
Os Beijos que foram dados,
Lembranças boas,
Sem fim!

Adeus!
Parte convicto,
Sem sentir hesitação,
Leva sonhos,
Partilhados,
Os Abraços embalados,
Pelo Sentir,
Do coração!

Adeus!
Parte em Silêncio,
Não me leves na memória,
Leva apenas,
As Palavras
Que entre nós foram trocadas,
Para pintar,
A tua História!

terça-feira, junho 06, 2006

Se um Dia


Se um dia

Eu pudesse despertar,

Abençoando a minha vida

A cada passo,

Se eu te envolvesse

Por acaso,

Como quem dá e sente,

Um mesmo abraço,

Se a cada caminho meu

Algo florisse,

Como testemunho meu,

Do teu sorriso,

Iria certamente despertar,

Com vontade Absoluta,
De Ficar!

quinta-feira, junho 01, 2006

Saudade



Tenho saudades de ti,

esqueci o porquê da distância,

talvez porque cresci

Já não lhe dou importância

Sei que te vou recordar

Porque foste importante

Perdi-te para te reencontrar

Para te ver cintilante

As saudades dos momentos

Duma amizade passada

Das emoções

Dos sentimentos

Da vida partilhada

As memórias que me trazem

Ao presente

As gargalhadas

As histórias

As tolices

As lágrimas

As palhaçadas

Há um tempo

Em que te guardo

E um espaço que é só teu

mesmo que não te encontre

para olhar o mesmo céu

(Que as memórias são assim

Andam sempre a esvoaçar

Umas fazem parte de mim

Passeiam na alma a pairar)

Autor: Rats