quarta-feira, janeiro 31, 2007

Concílio dos Deuses à lá Diogo



“ No Olimpo, reunidos os Deuses,
estava aberta a discussão,
Portugueses chegam à Índia
Será possível ou não???”

Pergunta Vénus a Baco
Como é que isto irá ser?
Qual a tua opinião?
Que havemos nós de fazer?

Baco olhou para Vénus
Com ar bem desconfiado
E pensou para si....
Não tarda já estou tramado!!

Eu penso que os Portugueses
Não deveriam chegar
A terras onde outros tempos,
Deveria eu dominar!!

Se bem que os fados digam
Que eles devem lá chegar
Tenho em mim grande esperança
Que lá não devam tocar!

Retorquiu Vénus a Baco
Com grande convicção
“Não podes ser egoísta
E ter a Índia na mão!”

Tu queres é vida de vícios
Farra e desolação
Eu sou pelos Portugueses
Que me têm no coração

Por eles serei conhecida
E para sempre recordada
Como a Deusa do Amor
E por poetas cantada.

Baco então convencido
Por tão fortes argumentos
Deixa o Povo Lusitano,
Prosseguir os Descobrimentos
Autor: Diogo Costa (8 anos)

quarta-feira, janeiro 24, 2007

- Mãe, podes ficar um bocadinho?
- Hummm já é tarde Diogo...
- Mas mãe, fica só um bocadinho...
- Está bem...que se passa?
- Achas-me estranho???
- Estranho? Tu? Não! Apenas um bocadinho diferente...
- Quero contar-te uma coisa, o Scooby, o rato mascote lá da minha escola, morreu. Os meninos ficaram tristes, e algumas meninas até choraram...
- E?....
- Eu, para que eles não ficassem tão tristes, disse-lhes que o Scooby não tinha morrido para sempre, porque os átomos dele tomariam forma noutro corpo, noutro ser...
- E que aconteceu depois?
- Eles olharam para mim e chamaram-me parvo, mas a Rita, achou-me estranho. Mas eu tenho razão, não tenho mãe?
- Claro que tens filho, toda a razão!
- Mas então, porque é que não me entendem?
- Filho, um dia entenderão! Ainda não é o tempo certo, para que a maioria dos meninos entenda as tuas explicações. Apenas isso! Tudo, é uma questão de tempo!
- Amas-me?
- Deixa-me dizer-te o quanto...tanto, como todas as estrelas do céu. Tanto como os grãos de areia na praia. Tanto quanto o teu oito deitado...
- Ah! o infinito...
- Amo-te mãe!...
- Agora dorme...até amanhã....

terça-feira, janeiro 23, 2007

“Dança para mim”, pedias tu...
E então eu gargalhava,
Desfazia as minhas tranças,
E o longo cabelo soltava...

Ensaiava passo a passo
No meu corpo de menina,
Sem te perder no meu espaço
Num sentir de bailarina...

Entregava-te sorrisos,
Rodopiava depois...
Pensava nada existir,
Para além de nós os dois...

E por fim quando cansada,
Me detinha nos meus passos,
Sabia contar depois,
Com o conforto dos teus braços!

Saudades, das minhas danças,
De quando era pequenina,
Quando dizias sorrindo:
“Meu Deus, como estás linda!”

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Acordes

Nesta musica componho,
Acordes de pensamento...
E deixo vogar a Alma,
Ao sabor deste meu tempo!
E trauteio cada Verbo,
Na existência de um olhar...
Conjugando docemente,
As formas simples de Amar!
Vou amando o que me prende,
O que busco indefinido,
Como fogo que se acende
Que faz chama e se extingue!
Neste constante devir,
De que faço acordes vãos...
Fica apenas o Sentir,
De toques leves de mãos!

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Clandestino...


Sei porque te tenho assim...
Clandestino de mim!!!
Sei que te encontro no nada...
Porque do nada faço querer!
E te tenho desmedido
Sem mais ninguém o saber!
Sei não te ter presente,
E que és meu, sem que te tenha
Faço da vida um momento,
E invoco o Sentimento
Numa entrega em tudo estranha...
No sentir em que te oculto,
Pinto telas de mil cores,
Procuro saber-te um vulto...
Que indistinto, resoluto
Me sacia e cala as dores.
Clandestino de mim...
Sei porque te busco enfim,
Porque sei que a todo o instante,
Tu me terás só assim:
Clandestina, de ti!

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Irritada!!...

Acordei irritada, virada do avesso! Nem sei bem porquê...acho que já tenho demasiado para conter, demasiado por dizer (ou talvez não)!

Irritam-me as posturas dissimuladas, de quem me pergunta se está tudo bem, quando sabe que já me comeu a carne e ainda me roeu os ossos!

Irritam-me as falsas vitimas, que insistem em achar que são o centro do universo, e que vivem com a mania da perseguição (como se tudo o que dizemos lhes fosse dirigido). Pobres... nem desconfiam que são vitimas de um egocentrismo que só pode ter resposta na ignorância a que os remeto!

Irrita-me que olhem para mim, como se eu tivesse um letreiro na testa a passar em rodapé a palavra “estúpida” e que ainda por cima tenham a cara de pau de me perguntar “fiz-te alguma coisa?”.

Irrita-me que me digam Adeus , só para testar a minha capacidade de partir (soubessem o quanto detesto a palavra, jamais ma diriam de forma unilateral!)! É das poucas coisas que me faz partir em definitivo....

Irrita-me que me escrevam VERDADE, sem que me perguntem se minto!

Irrita-me que me cobrem a presença quando eu preciso de estar ausente!

Irrita-me ...já nem sei... hoje, em definitivo não estou nos meus dias!

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Quebram-se...


Quebram-se os espelhos na minha Alma...
Tarda já a Noite que me acalma!
Olho o céu em busca de me ver,
Tento nele razões para me entender
Mas nas estrelas, já não vejo reflectidas,
As imagens que dantes eram minhas.
Deixo-me vagar apenas sem destino,
Cumprindo cada passo em meu caminho!
Depois saio de mim e danço!
Liberto a Alma e Balanço
E em cada momento que passo,
Rodopio e entrelaço,
O meu ser neste compasso!
Nesta Dança em que me dou,
Feita de Partilhas e Esperanças...
Ninguém saberá tudo o que sou
Parto, Quebrando então,
Voos, Sonhos de asas mansas!

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Escutando Silêncios


Ela sempre tinha entendido os silêncios. Aprendera a entender as palavras que não se diziam. Sempre lidara com as ausências e com meias palavras, não sentindo nisso constrangimentos nem perdas. Não entendia este mau estar súbito que este silêncio lhe trazia.

O dia prometia chuva, o céu cerrado, fazia antever um dia húmido. Mas a necessidade de se evadir, foi maior que os receios de ser apanhada pelas fortes bátegas. Saiu, sem destino, confiando que algo a levaria a algum lado, não importava qual, nem importava como, caminharia apenas.... Deparou com um banco, de pedra, ladeado por buganvílias, com vista para o Tejo. Aquele era o lugar, aquele era o destino dos seus passos. Sentou-se e demorou-se na paisagem, fitou cada pessoa que passava, tentando adivinhar pensamentos, tentando discorrer sentidos. Deixou-se envolver em pensamentos mansos, sentia alguma paz, por fim!

Não havia passado muito tempo, ele chegou! Chegou e sentou-se a seu lado. Ela conhecia-o bem. Sabia que o tremor que ele sentia, nada tinha a ver com o frio. Ela sabia quando ele evita olhá-la nos olhos...sentia-lhe a Alma como ninguém! Ele tentou algumas palavras: “Desculpa, nada disto devia de ser assim....nunca nos devíamos ter achado...”. Ela, que não lhe recusava um olhar, procurou-o, calou-lhe as palavras colocando-lhe o dedo indicador sobre os lábios. “Psiu, não digas nada, jamais, mas mesmo jamais, nada nos afastará...sinto-te em mim, chega-me, nunca te pedi mais que isto, não terás nem deverás dar-me o que não te peço!”. A chuva começava a fazer-se sentir....de inicio, gotas esparsas mas que iam aumentando rapidamente de intensidade.

Ela despertou! Não estava ali ninguém com ela... Correu a refugiar-se num dos muitos cafés da zona. Entrou pediu um café e sentou-se. Entre o aroma que o café exalava e os pensamentos que lhe convergiam sorriu. Afinal continuava a conseguir entender os silêncios. Afinal, o mal não era seu! Este , era apenas mais um silêncio. Um silêncio maior que os outros, um silêncio que precisava de mais tempo para ser escutado, nada mais!