Eu queria escrever-te uma carta amor,
uma carta que dissesse
deste anseio
de te ver
deste receio
de te perder
deste mais bem querer que sinto
deste mal indefinido que me persegue
desta saudade a que vivo todo entregue...
Eu queria escrever-te uma carta amor,
uma carta de confidências íntimas,
uma carta de lembranças de ti,
de ti
dos teus lábios vermelhos como tacula
dos teus cabelos negros como dilôa
dos teus olhos doces como maboque
do teu andar de onça
e dos teus carinhos
que maiores não encontrei por aí...
Eu queria escrever-te uma carta amor,
que recordasse nossos tempos na capopa
nossas noites perdidas no capim
que recordasse a sombra que nos caía dos jambos
o luar que se coava das palmeiras sem fim
que recordasse a loucurada nossa paixão
e a amargura da nossa separação...
Eu queria escrever-te uma carta amor,
que a não lesses sem suspirar
que a escondesses de papai Bombo
que a sonegasses a mamãe Kieza
que a relesses sem a friezado esquecimento
uma carta que em todo o Kilombo
outra a ela não tivesse merecimento...
Eu queria escrever-te uma carta amor,
uma carta que ta levasse o vento que passa
uma carta que os cajus e cafeeiros
que as hienas e palancas
que os jacarés e bagres
pudessem entender
para que o vento a perdesse no caminho
os bichos e plantas
compadecidos de nosso pungente sofrer
de canto em canto
de lamento em lamento
de farfalhar em farfalhar
te levassem puras e quentes
as palavras ardentes
as palavras magoadas da minha carta
que eu queria escrever-te amor....
Eu queria escrever-te uma carta...
Mas ah meu amor,
eu não sei compreender
por que é, por que é, por que é, meu bem
que tu não sabes ler
e eu
- Oh! Desespero! - não sei escrever também.
Autor: Desconhecido
12 comentários:
Como quase sempre faço, gosto de ser a primeira a comentar algo que publico e que me é enviado por alguém. Da primeira vez que li este poema, deixei-me envolver em paisagens que não conheço, mas que senti. A publicação foi sendo adiada, porque nunca tinha encontrado uma fotografia que pintasse a alma do texto, e a verdade, é que depois de ter publicado o texto, ainda fico com a sensação que a fotografia não é a adequada, por ser tanta a beleza das palavras.
Foi com muito gosto que aqui coloquei o texto, e espero que gostem tanto dele, como eu gostei!
Este é um texto cuja leitura me deixa uma estranha sensação de perda...
Foi como que um recordar de tempos idos... são reminiscências de uma vida já vivida... são fantasmas que me atormentam... e com os quais nem sei lidar... é a nostalgia dolorosa de um balanço que faço entre ganhos e perdas... e lanço, mentalmente, num Diário que nunca iniciei, frases sem sentido, disparates de acaso, ideias sem conexão aparente, perdido que me sinto, só que me encontro.
E olho para trás para este caminho já longo em que tanto ficou por fazer... pegadas na areia que o vento logo apagou!
Se errei... que errei!Se pequei... que pequei! Que Deus me perdoe!
Um dia um poeta angolano - António Cardoso, deixou este escrito intitulado "Árvore de Frutos"...
Cheiras a caju da minha infancia
E tens cor de barro vermelho
molhado
De antigamente;
Há sabor a manga a escorrer-te na
boca
E dureza de maboque a saltar-te
nos seios
Misturo-te com a terra vermelha
E com as noites
De histórias antigas
Ouvidas há muito.
No teu corpo
Sons antigos dos batuques à minha
porta
Com que me provocas,
Enchem-me o cerebro de fogo
incontido.
Amor és sonho feito carne
Do meu bairro antigo do musseque.
Que texto quente e belo! Como quentes e belas são as paisagens fortes africanas. Que tintas, que cores, que Amor!Parabens a quem o escreveu e se amou assim...Valeu a pena. Beijo doce
ppppppppppppppppppppuuuuuuuuuuuuutttttttttaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
puta queres foder?????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????
Este é um texto cuja leitura me deixa uma estranha sensação de perda...
Foi como que um recordar de tempos idos... são reminiscências de uma vida já vivida... são fantasmas que me atormentam... e com os quais nem sei lidar... é a nostalgia dolorosa de um balanço que faço entre ganhos e perdas... e lanço, mentalmente, num Diário que nunca iniciei, frases sem sentido, disparates de acaso, ideias sem conexão aparente, perdido que me sinto, só que me encontro.
E olho para trás para este caminho já longo em que tanto ficou por fazer... pegadas na areia que o vento logo apagou!
Se errei... que errei!Se pequei... que pequei! Que Deus me perdoe!
Um dia um poeta angolano - António Cardoso, deixou este escrito intitulado "Árvore de Frutos"...
Cheiras a caju da minha infancia
E tens cor de barro vermelho
molhado
De antigamente;
Há sabor a manga a escorrer-te na
boca
E dureza de maboque a saltar-te
nos seios
Misturo-te com a terra vermelha
E com as noites
De histórias antigas
Ouvidas há muito.
No teu corpo
Sons antigos dos batuques à minha
porta
Com que me provocas,
Enchem-me o cerebro de fogo
incontido.
Amor és sonho feito carne
Do meu bairro antigo do musseque.
21 Setembro, 2006
luar perdido disse...
Que texto quente e belo! Como quentes e belas são as paisagens fortes africanas. Que tintas, que cores, que Amor!Parabens a quem o escreveu e se amou assim...Valeu a pena. Beijo doce
26 Setembro, 2006
Anónimo disse...
ppppppppppppppppppppuuuuuuuuuuuuutttttttttaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
17 Fevereiro, 2008
Anónimo disse...
puta queres foder?????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????
abra
cabra
O autor desse belíssimo poema "eu queira escrever uma carta" é António Jacinto.
Sempre foi o mais bonito verso, pra mim e até agora não achei ..melhor.
autor desconhecido nao
este pedaço da alma pertence ao muito angolano talvez o maior poeta angolano Viriato da cruz
perdao eu disse viato da cruz mas é antonio jacinto
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