Tenho saudades do dia em que não nos tínhamos encontrado, do que não nos vimos pela primeira vez, em que não te tinha achado. Desse em que nunca nos tivemos, em que calaste o que eu queria ouvir, desse em que sonhando te podia sentir. Tenho sede da noite em que nem começámos a beber-nos, fome dos momentos em que não estávamos um no outro, em que nos devorávamos sem sabermos. Desenho com detalhes tudo o que não aconteceu, o amor que não explodiu, o desejo que não cristalizou, o tudo e o nada que surgiu...E é uma saudade tão grande... como se nunca houvesse acontecido, tal este afago que te mando e que, ainda assim, estará perdido. Tratarei de dizer-te, sem palavras, que a solidão é uma inquilina vitalícia e nefasta, e que a esperança esconde no seu franzido um punhal fechado a aguardar o momento de ser usado, enquanto docemente te embalo e envolvo no meu fado. Tentarei tornar tangível o gesto esboçado, rasgado e com ele, mais que abraço, neste meu corpo eu te enlaço em laivos de mel e fel. Enquanto não acerto a construir as frases que sejam reflexo fiel do que sinto, terminarei este dia lambendo-te as feridas com este meu silêncio inscrito em prosa, tentando aprisionar-te neste meu tempo Infinito em que te sinto preso a mim inscrito em glosa. Vou revendo os instantes e reparo que o tempo, a destempo, me ensina a dizer que te amo, que o passo a recordar-te, seja cedo ou seja tarde, a qualquer hora, quando nem sei se o dia acordou - ou se a sua noite se deitou – mas sei que estarás sempre neste espaço em que me dou. E estes minutos que passam, que teimam tornar-se nas horas em que te lembro, horas perdidas vagas, em que te tenho no pensamento... E as horas tornam-se em dias, onde revivo os instantes, destas memórias intensas, desmedidas, ensandecidas...errantes! Dias que apenas desatam as palavras que, impunes, sem medo, descaradas se escrevem quase por si. E todas as letras que escrevo, sinto-as tal como um degredo, exorcizadas de mim...
segunda-feira, maio 28, 2007
Reflexos e reflexões...
Tenho saudades do dia em que não nos tínhamos encontrado, do que não nos vimos pela primeira vez, em que não te tinha achado. Desse em que nunca nos tivemos, em que calaste o que eu queria ouvir, desse em que sonhando te podia sentir. Tenho sede da noite em que nem começámos a beber-nos, fome dos momentos em que não estávamos um no outro, em que nos devorávamos sem sabermos. Desenho com detalhes tudo o que não aconteceu, o amor que não explodiu, o desejo que não cristalizou, o tudo e o nada que surgiu...E é uma saudade tão grande... como se nunca houvesse acontecido, tal este afago que te mando e que, ainda assim, estará perdido. Tratarei de dizer-te, sem palavras, que a solidão é uma inquilina vitalícia e nefasta, e que a esperança esconde no seu franzido um punhal fechado a aguardar o momento de ser usado, enquanto docemente te embalo e envolvo no meu fado. Tentarei tornar tangível o gesto esboçado, rasgado e com ele, mais que abraço, neste meu corpo eu te enlaço em laivos de mel e fel. Enquanto não acerto a construir as frases que sejam reflexo fiel do que sinto, terminarei este dia lambendo-te as feridas com este meu silêncio inscrito em prosa, tentando aprisionar-te neste meu tempo Infinito em que te sinto preso a mim inscrito em glosa. Vou revendo os instantes e reparo que o tempo, a destempo, me ensina a dizer que te amo, que o passo a recordar-te, seja cedo ou seja tarde, a qualquer hora, quando nem sei se o dia acordou - ou se a sua noite se deitou – mas sei que estarás sempre neste espaço em que me dou. E estes minutos que passam, que teimam tornar-se nas horas em que te lembro, horas perdidas vagas, em que te tenho no pensamento... E as horas tornam-se em dias, onde revivo os instantes, destas memórias intensas, desmedidas, ensandecidas...errantes! Dias que apenas desatam as palavras que, impunes, sem medo, descaradas se escrevem quase por si. E todas as letras que escrevo, sinto-as tal como um degredo, exorcizadas de mim...
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8 comentários:
Adorei este texto. Genial. Fiquei fascinada com a ideia da saudade do tempo em que ainda não o tinha encontrado... expressas duma maneira poética uma coisa tão simples, um pensamento tão banal que qualquer um tem... Beijinhos, prima.
De facto as palavras em ti saem de uma maneira muito especial.
Dá gosto ler, e pensar um pouco, se bem que por vezes eu "não as entenda".
Parabéns.
E como entendo o que escreves... e como sinto o não acontecido e como tenho saudades do que não vivi! E o tempo passa pensando no que não senti, vibrando com momentos de não explosão, num arrebatamento de loucura e envolvimento que não existe. Adoro o teu escrever... leio-me nas tuas palvras, reconheço-me, entendendo-me melhor... Beijos de Mar só pa ti nha manamaislindaedoce
De cortar a respiração estas palavras...sublimes! Boa semana para ti e boa sorte para o que aí vem ;) Faço figas.
Deixa lá ver se entendi: sentes saudades do tempo em que ansiavas por alguém que ainda não tinhas encontrado ou cujo caminho ainda não se tinha cruzado com o teu. Será? Desculpa, mas o velhote está agora um pouco mais lento, física e mentalmente. É a vida! Ou será que esses caminhos que deveriam convergir nunca se chegaram a cruzar?
Seja o que for parece que consigo vislumbrar no teu texto uma pontinha de amargura. Estarei enganado?
A idade pode já confundir-me um pouco a clarividência, mas há uma qualidade que mentenho intacta, a capacidade de reconhecer e apreciar um bom texto, e este, Igara, é lindo e excelentemente escrito, como é habitual em ti. Até parece fácil escrever assim. A isso chama-se talento.
Um beijo deste teu amigo sincero que já o era mesmo antes de me ter cruzado contigo.Sim, porque sempre desejei ter uma amiga como tu, mesmo antes de te conhecer.
Fiquei suspenso neste texto. A forma como deste intensidade a estas palavras que em prosa rimada deixaram-me preso. Por momentos, breves, desejei fazer parte dessas memórias intensas, desmedidas, ensandecidas, errantes,nem que fosse apenas por instantes. Parto daqui com a certeza de ter lido uma das coisas mais bonitas que já escreveste! Beijos amiga, e até um dia )))
Tens encanto...!
Doce beijo
Vislumbra-se algo!
Desenvolvem-se intimidades!
Vivem-se momentos intensos!
Criam-se expectativas!
Ai...e no meio disto as vezes...não ha como evitar a necessidade de exorcizar algumas magoas pequeninas..ou grandes:))
Beijo
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